02/11/2012

Os números

Troika, governo, crise. Medo, miséria, merda. Renda da casa, contas e mais contas, comida na mesa. Números, indicadores, rácios. Compromissos, não com as pessoas, como deveria ser, mas com números e mais números. Tudo gira à volta dos números. Estes não têm culpa, mas são cegos, surdos e mudos, indiferentes às pessoas, aos afectos, aos sentimentos, às vontades, às necessidades. O que significam melhores indicadores se estes são inversamente proporcionais à qualidade de vida das pessoas. De que vale melhorar um rácio, a que alguém lá de fora dá muito valor, se isso significa menos uns quantos milhares de sorrisos? Demasiado cor de rosa, dirão alguns, mas, como em tudo, nem tanto ao mar nem tanto à terra e neste momento conseguimos fechar os olhos e ver, ao mesmo tempo, muitos números todos certinhos, muitas equações complicadas e também muitas caras magras, com os olhos e braços caídos, a moral em baixo e sem visão, sem caminho, sem futuro.

3 comentários:

  1. E não seremos nós, fatal e irremediavelmente, apenas números? É triste, sim. Mas é possível que seja essa a realidade.Somos o cidadão e o contribuinte nr tal, fomos o milésimo e tal bebé a nascer naquele mês, daquele ano e etc etc etc...e tantos outros números seremos!

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  2. Não aceito! Somos pessoas, apenas temos números associados a nós.
    Cada um tem a sua forma de ver. Podemos fazer com que a pessoa ao nosso lado se sinta tratada como pessoa, ou como número. A questão é a escolha: o que escolhes tu?

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  3. Eu também acho isso e faço com que a outra pessoa não se sinta um número. Eu escolho não o ser, mas antes alguém escolhe por mim e rotulam-nos vezes sem conta. Enfim :/

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