23/10/2012

A imprensa de papel

O smartphone está na sua mão, mas o olhar não está já no ecrã. Está longe, longe do ecrã. Vimos o homem aceder a vários jornais, revistas, a ficar a par de tudo o que se passa no mundo. Estava com um ar de plena satisfação. Não sabemos, mas achamos que é por ter o mundo todo no seu pequeno ecrã. Parou porquê? Não percebemos. Sem o homem perceber, aproximamos-nos devagar, quase em ponta dos pés. Impossível alguém nos ouvir, só se for uma pessoa com umas orelhas mesmo muito grandes. Aproximamos-nos e conseguimos agora ler a notícia: as edições em papel vão acabar, ficando, apenas, as digitais. A tristeza é muita, a culpa ainda maior. Não tem coragem de dizer, mas sabe que a forma como mais gosta de ler o jornal vai acabar, e a culpa é sua. Não toda. Mas também é sua.

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