02/07/2013

Amigos?

Não sei já porquê mas não tenho, nem que seja por um instante, qualquer dúvida: serei teu amigo até ao último segundo da minha vida; quiçá para lá disso, não sei; talvez. O outro acabou de morrer. Foi só, dizem alguns, foi só beber uns copos, os últimos. Ele não sabia que eram os últimos, por isso, vê lá tu, bebeu com demasiada moderação: beba com moderação; se vai conduzir não beba. Ele não iria conseguir conduzir mais, mas não sabia isso, não podia saber. Isto não tem nada a ver com o meu pensamento inicial, ou até tem. Vamos lá ver: quando sinto a morte, a primeira coisa que me vem à cabeça é a vida. E pergunto-te: o que é a vida sem amizade? NADA. Não duvides: nada de nada. Por isso, o outro morreu e eu, do nada, lembrei-me de ti. Lembrar-me de ti é lembrar-me do melhor da vida: da amizade. Passamos a vida a fazer coisas, demasiadas coisas, diria, e depois o tempo vai passando. Chegamos à velhice e pegamos no saco onde as coisas estão: fiz isto, aquilo, o outro, cozido, assado, conquistei, fui isto, aquilo…e depois, depois estou aqui sozinho, com pouco para contar. Eu não quero isto. Quero estar com amigos, quero viver, escreviver para relembrar, mas relembrar mundos reais, não coisas inventadas. Um romance é giro mas é, na maioria das vezes, inventado. Lá há muitas amizades, mas não como a nossa: suspensa. Porquê? Não sei, sabes? Se sim, diz-me, explica-me. Ficarei sempre à espera; sempre.

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