Ricardo Araújo Pereira acaba de vencer um prémio pelas suas
crónicas. Em entrevista à "sua" Visão, quando questionado se este
prémio, anteriormente atribuído a escritores hoje conceituados, lhe abriria a
carreira enquanto escritor, não hesitou em esclarecer que a sua profissão é de
humorista e não de escritor. Em Portugal, diz ele, respeitamos demasiado a
palavra escritor, enquanto noutros países, qualquer pessoa que escreva é
"writer". Interessante e merecedor de reflexão. Há vários anos que partilho
com os mais próximos a minha visão sobre esta matéria, a da escrita. Ora, para
mim, todos deviam ser escritores, embora apenas alguns pudessem ousar escrever
um romance. Um jornalista, quando faz uma reportagem, escreve-a, logo é
escritor. Um marketter, quando prepara o texto comercial de apresentação de um
novo produto, escreve-o, logo é escritor. A empregada doméstica, quando deixa
um bilhete escrito, escreve-o, logo é escritora. O mais importante é que as
pessoas consigam comunicar através da palavra escrita, isso sim é relevante.
Tomara que fosse isso o ensinado nas escolas deste país. Nem todos os que sabem
escrever podem escrever textos comerciais, assim como algumas das pessoas mais
competentes neste tipo de textos não têm competência para escrever romances.
Alguns dos mais conceituados jornalistas editaram livros que não vingaram e tal
não aconteceu certamente por não saberem escrever.
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