07/06/2013

Escrever

Ricardo Araújo Pereira acaba de vencer um prémio pelas suas crónicas. Em entrevista à "sua" Visão, quando questionado se este prémio, anteriormente atribuído a escritores hoje conceituados, lhe abriria a carreira enquanto escritor, não hesitou em esclarecer que a sua profissão é de humorista e não de escritor. Em Portugal, diz ele, respeitamos demasiado a palavra escritor, enquanto noutros países, qualquer pessoa que escreva é "writer". Interessante e merecedor de reflexão. Há vários anos que partilho com os mais próximos a minha visão sobre esta matéria, a da escrita. Ora, para mim, todos deviam ser escritores, embora apenas alguns pudessem ousar escrever um romance. Um jornalista, quando faz uma reportagem, escreve-a, logo é escritor. Um marketter, quando prepara o texto comercial de apresentação de um novo produto, escreve-o, logo é escritor. A empregada doméstica, quando deixa um bilhete escrito, escreve-o, logo é escritora. O mais importante é que as pessoas consigam comunicar através da palavra escrita, isso sim é relevante. Tomara que fosse isso o ensinado nas escolas deste país. Nem todos os que sabem escrever podem escrever textos comerciais, assim como algumas das pessoas mais competentes neste tipo de textos não têm competência para escrever romances. Alguns dos mais conceituados jornalistas editaram livros que não vingaram e tal não aconteceu certamente por não saberem escrever.

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