19/10/2012

Coragem

O homem diz-se corajoso, fala, sem parar, sempre de si. Começa as frases, invariavelmente, por eu. Eu isto, eu aquilo, eu o outro. Tem auto estima, gosta de si. Tem histórias para contar, muitas, algumas interessantes até, histórias onde o eu prevalece sempre a qualquer outro pronome. Há outras personagens nas histórias, mas são, digamos assim, personagens secundárias. O homem fala, não se cala, e já ninguém está a ouvir, apenas Erik, que repara agora que o homem fala sem parar, mas sempre a olhar para o chão. Antes de tirar qualquer conclusão, Erik olha para o chão. Não vê nada, e conclui: não tem auto estima nenhuma, a confiança em si é zero, mas só sabe falar de si.

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