23/09/2012

Distraído

Um open space com 20 pessoas, chamadas, artificialmente, de colaboradores da empresa. Antes de serem pessoas são: colaboradores. Cada um na sua mesa. Os clássicos separadores para a mesa da frente, estrategicamente a evitar eventuais contactos entre as pessoas, ou melhor, entre os colaboradores. Há regras. O barulho a mim não me incomoda, eu não posso com o barulho, é só hoje, dói-me a cabeça. O dia é uma correria, sempre com alguém a ir ao café, ou à casa de banho, ou para almoço. Sempre que alguém sai do seu lugar, pelo menos 33% das pessoas do open space reparam. É mais ou menos assim, com o aspecto mais interessante na comunicação entre as pessoas. Anne está sentada, computador à frente. Muitas janelas abertas, Facebook e gmail, é claro, documentos word, excel e o famigerado outlook. Recebe agora um email do chefe a informar que amanhã irá chegar 30 minutos mais tarde. Não quer acreditar. Fica paralisada, apenas por uns segundos. Volta a si, coloca a sua mão no braço do chefe, que se encontrava a 20 cm, e diz-lhe: vi o seu email de agora mesmo, fique descansado que estou cá a horas e preparo tudo para a reunião.
A conversa enfrenta agora um espaço preenchido com nada. O chefe está sem palavras, mas Anne chega-se à frente: quer que responda por escrito?

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