18/11/2012

A seringa

Sentado no banco do jardim, o homem pede, desesperadamente, a seringa. Está fraco, sem força para se explicar, apenas para pedir a seringa. É esta a imagem que temos: sentado num banco de jardim, um homem todo torcido pede a quem passa uma seringa. As pessoas passam, abrandam quando ele geme. Algumas, talvez assustadas, quando passam e sentem o homem aceleram o passo. Parece que querem fugir, fingem que não vêem, que não ouvem. Há outros que, embora iguais no que ao resultado diz respeito - ajudar, ou não - fazem o inverso: olham para o homem, fazem-se ver e ainda comentam: que vergonha, completamente agarrado à droga.
O homem vai ficando mais fraco.
Ninguém percebe, ninguém lhe pergunta e por isso não sabe: a droga que ele precisa é insulina. Não tem culpa de ter nascido diabético.

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