03/08/2012

As mães

De onde estou quase não se vê, mas vê-se alguma coisa. Os carros vão passando, nenhum respeita a velocidade indicada. É assim normal que a loirinha de caracóis vá ficando cada vez mais nervosa; quer passar, está no sítio certo - a passadeira - mas não consegue, ninguém pára para ela passar. Já são horas, prometeu à mãe que estaria em casa à hora do jantar, mas nenhum carro lhe quer dar passagem e vai falhar com o prometido. Não, isso não, tudo menos isso. Se não estiver à mesa, já com as mãos lavadas, à hora combinada, é certo que a mãe nunca mais a deixa sair sozinha de casa. Tem de tomar uma decisão. Chegar tarde é uma não decisão, a qual acarreta prejuízos incalculáveis. Decidiu: atirou-se para a passadeira, uma chiadeira infernal de travagens, carros uns contra os outros, vários feridos, e a mãe a dizer-lhe: linda menina, a horas à mesa e com as mãos lavadas.

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