31/08/2012

A criança

O parque está cheio. São crianças a correr, as mães a correr também. As mães atrás das crianças, pois estas é que marcam o ritmo. Uma das crianças parou, quer qualquer coisa, mas não sabe dizer o quê. A mãe tenta levar a atenção da criança para outro lado, mas a criança, esperta, não vai nisso. Ao invés, sentindo que continua a não ter o que quer, começa a chorar. A mãe dá-lhe mão. Vão agora as duas para o banco onde ficou o saco, a criança ainda a chorar, quase a soluçar. A mãe põe a mão dentro do saco e tira uma bolacha. A criança pára de chorar e devora a bolacha. Outra criança, exactamente da mesma idade, vê a cena, topa tudo.
Essa criança não faz mais nada: vai até à sua mãe e começa a chorar. A mãe, na conversa com outra mãe, leva a mão ao saco, saca de uma bolacha e lá se pára mais um choro. Terceira criança, também ela com qualidades de observadora, vai até à sua mãe, desata a chorar na esperança de bolacha. Não levou uma bolacha, continuou a chorar. Insistiu no choro e acabou por levar, não a bolacha mas um estalo.
As outras mães comentam: que berreiro, cale-me a criança.
A criança, ainda sem bolacha, parou de chorar e foi brincar.

Sem comentários:

Enviar um comentário