29/07/2012

Os filhos bons

O supermercado era daqueles antigos, daqueles em que os corredores são tão estreitos que não dá para duas pessoas passarem sem baterem uma na outra, mais numa das prateleiras, provocando, não variadas vezes, a queda de um qualquer produto. Mas era o supermercado onde a D. Júlia ia há mais de 20 anos, nos últimos 5 sempre acompanha do seu filho Josué. A sua loucura faz com que não possa ir sozinha, precisando assim de Josué para garantir, pensava ela, que comprava tudo o que pagava; é que embora viesse a este supermercado de esquina há 20 anos, não confiava, mesmo nada, nas pessoas que lá trabalhavam. Todas as mulheres diziam: coitada, ainda bem que tem o filho para ajudar. O filho, com ar de sonso, ficava sempre na dúvida: ora enganava a própria mãe, dizendo-lhe que a conta era mais alta do que realmente era, ora enganava a da caixa, escondendo metade dos produtos. Mesmo assim, Josué era um santo, um santo que ajudava a Mãe, doida varrida.

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