22/06/2012

Invisível


A mulher sempre ali esteve. Talvez não tenha sido sempre esta, mas pelo menos era outra a fazer desta. As pessoas – centenas, milhares, não milhões, mas mesmo assim muitas – passam, são até capazes de esbarrar nela, sem, no entanto, a verem. A cena repete-se, dia após dia, com esta, com aquela, com todas as pessoas. Pessoas bem-educadas, mal-educadas, com muito e pouco dinheiro, com estatuto e sem ele; a cena acontece com todos. A mulher continua, como se a invisibilidade lhe desse até mais condições para fazer o seu trabalho.
Agora, mesmo neste momento, dirigi-me a ela e disse-lhe: obrigado por levantar o meu tabuleiro. A senhora, desconcertada, olhou para mim sem saber o que dizer. Não precisava dizer nada, a culpa é nossa, não dela.

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